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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Marchinha de carnaval é motivo de polêmica em Belo Horizonte
Uma marchinha de carnaval que ironiza os lanches pagos pelo presidente da Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte, Léo Burguês (PSDB), virou motivo de polêmica na capital mineira e pode acabar na Justiça. Advogados do político pediram ao compositor da canção, Flávio Henrique, que a retirasse de seu site, para que o músico não fosse processado por dano moral. A canção foi composta para o Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, que escolherá o hit da Banda Mole, tradicional bloco carnavalesco da cidade que sai pela região central da cidade em duas semanas.
O tema da música polêmica foi o gasto do vereador com alimentação usando os R$ 15 mil mensais da verba indenizatória da Câmara Municipal. Entre agosto de 2009 e outubro de 2011, Burguês gastou R$ 61,8 mil em lanches e refeições no Berenice Guimarães Buffet, que pertence à sua madrasta. Ao denunciar o abuso - que se tornou alvo de ação do Ministério Público em Minas - o jornal O TEMPO fez uma estimativa do número de coxinhas que daria para comprar todos os meses: cerca de 3 mil.
"Milhares de reais por mês/pro lanchinho do burguês/ O nosso dinheiro ele gasta / na cozinha da madrasta", diz a canção, que ainda provoca com versos de duplo sentido: "não sei se é ladrão/pervertido ou pederasta/tem gente metendo a mão/na coxinha da madrasta".
Para evitar uma briga judicial, o compositor mineiro atendeu ao pedido do seus advogados do vereador. Mas bastou a notícia do pedido de retirada do site se espalhar pelas redes sociais para a versão aparecer em outras páginas. E também surgirem novas marchinhas com o tema, compostas por outros artistas. "Tudo começou com uma vontade/desejo de salgadinho/ele comprou no atacado/de conhecida do mercado", começa uma letra, que continua: "mas o detalhe que a gente não sabia/era a madrasta quem fornecia". Outra canção vai na mesma linha: "pode acionar o tribunal/a coxinha da madrastra/vai bombar no carnaval", diz.
"Fazer marchinha brincando com a política é uma tradição do carnaval brasileiro. A coisa foi feita para brincar, não para arranjar briga. Quando o advogado ligou para dizer que o vereador tinha se sentido ofendido, tirei do ar. Mas já tinha perdido totalmente o controle da situação", explica Flávio Henrique, que ficou impressionado com a dimensão que o tema ganhou nas redes sociais.
Em férias nos Estados Unidos até a próxima quarta-feira, o vereador Léo Burguês não foi localizado. Mas, em sua página na rede de relacionamentos Facebook, publicou um texto justificando a ação de seus advogados e negando qualquer ameaça. "O que foi conversado é que a letra possui conteúdo obsceno e, diante disso, solicitei que fosse retirada. Qualquer um na minha situação teria tido a mesma atitude, preservando com isso meus pais, minhas filhas, e todos aqueles que se sentiram ofendidos com esta marchinha", escreveu o vereador.
Burguês diz ser defensor do carnaval desde o início de sua atividade política, e afirma não considerar adequado "colocar na boca dos foliões - e crianças! - uma musica vulgar" . Para ele, as marchinhas de antigamente "não continham expressões que ofendiam a moral e os bons costumes". "A marchinha é uma grande caricatura, não tem afirmação. Ele levou uma brincadeira à sério", defende-se o músico, para quem a canção teria se transformado em sucesso em função da indignação da população da capital mineira em relação à atuação da classe política.
"Se ouvirem a voz das pessoas que estão se manifestando, perceberão que não sou eu quem está atentando contra os bons costumes. Os que estão em dívida são os políticos", provoca Flávio Henrique.
fonte: DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
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