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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Ser Botafogo

"El dia em que Herrera silenciou a Rede Globo", Xico Sá A semana já começa com um #mito nacional definido. E herói bom é herói argentino. El dia em que Herrera compôs um tango desobediente com Amy Winehouse, acompanhe o meu raciocínio em preto & branco para uma segunda de ressaca. Herrera aqui não é celebrado por ter feito três gols no tricolor paulista. Longe disso, embora meu corvo secador, botafoguense doente, tenha crocitado no seu luxuoso poleiro. Não por isso, agourento Edgar, minha estimada ave, me dê outros motivos. Por uma outra razão mais edificante, e pedagógica, já abrimos a segunda-sem-lei com a escolha de Herrera, boleiro do time da Estrela Solitária, como o mito da semana. Acho sensacional essa ideia do mito de 15 minutos. Obra do artista norte-americano Andy Wahrol que encontrou nas redes sociais a plantação perfeita. O maná virtual que adubando tudo dá. Convidado por um repórter da “Tv Globo”, no dever do seu nobre ofício, a escolher uma música no programa “Fantástico”, o argentino se recusou a indicar a “canción”, ao contrário de todos os colegas de profissão, que babam para pedir um pagode mela-cueca ou um gospel nesse momento de glória. Quem marca três gols tem o “privilégio”. Bem que Herrera poderia pedir um tango de Gardel –La noche que mi quieras-, uma milonga dos tempos do Rosário Central, um rock argentino do Attaque 77 etc etc. Herrera bancou a Amy, que era botafoguense sem saber-se alvinegra, e disse simplesmente: “I no, no, no”. Rehab Futebol e Regatas. Herrera pediu silêncio à Rede Globo, como uma espécie de Leonel Brizola ludopédico. Bacana que no país da manada obediente, principalmente no futiba, um boleiro não caia na graça dos Joões Sorrisões. Herreza fez a Amy. Foi o bastante para que a conspiração do boteco fervesse: o atacante alvinegro vai pagar caro por isso. Como se o Botafogo precisasse de castigo da Globo, dona das transmissões do futebol no Brasil, ou de qualquer outra entidade mitológica. Botafogo é o que nem Dostoievsky imaginaria no seu “Crime e Castigo”. Ora, ora, o time da Estrela Solitária é castigado com ou sem desobediência, desde nascença. É sina. Mas largou com cara de campeão deste ano. Senti firmeza. Mesmo que não jogue bola daqui até dezembro, tem dois grandes méritos: Herrera e o uruguaio Loco Abreu, os mais esclarecidos boleiros em atividades no país. P.S. Falar no assunto desobediência, vos comunico: o prezado amigo Afonsinho, por coincidência craque também do Botafogo, escreve agora na “Carta Capital”, em diálogo permanente com Sócrates, seu colega de Medicina e de consciência, ex-articulista da mesma publicação. Boa semana a todos e que a ressaca da segundona, moral ou física, nos seja leve.

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