Ruy Castro, Hugo Sukman e Santuza Naves mostraram ter muitas diferenças de opinião em relação à cronologia da música criada no Brasil. Apesar disso, os três concordam que a criação da nomenclatura "Música Popular Brasileira", a MPB, é um equívoco, que falha ao classificar de maneira simplista uma vasta obra da música nacional. Eles participaram, na tarde desta quarta-feira, do debate "Há caminhos a seguir na música popular brasileira?", no Café Literário da Bienal do Livro.
_ Sempre fui contra essa sigla nefasta. Ela nasceu para classificar o que não era Bossa Nova, iê iê iê - que hoje chamamos de Jovem Guarda - ou Samba. Impusemos, à população brasileira o nosso analfabetismo musical. A música brasileira é muito rica para receber essa classificação limitada _ disse Ruy Castro, autor de livros como "Chega de saudade".
Outro ponto de concordância foi a ideia de que a Tropicália superou a MPB, que, por sua vez, apagou a Bossa Nova. Todos esses movimentos, para os três autores, deixaram como consequência a perda da identidade contemporânea na música.
_ Tenho entrevistado novas bandas e jovens artistas e ninguém sabe em que classificação está. Se seu trabalho seria Rock, Rap, Funk, Tropicália ou até mesmo... MPB. A noção de gênero musical não faz mais sentido. É preciso repensar as correntes contemporânea _ analisou Santuza Naves, escritora do livro "Canção popular brasileira".
O grande ponto de debate e discordância entre os autores se deu, quando Sukman - autor de "Histórias paralelas: 50 anos da música brasileira" - afirmou que "a sigla MPB nasceu para combater a entrada na música internacional" e que "o primeiro Rock in Rio provou a consolidação da MPB". Já para Ruy Castro, o Rock in Rio serviu para "perceber a massificação da música brasileira".
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