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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A Bossa Nova em seu dia nacional.

A data de nascimento de Tom Jobim, 25 de janeiro, foi escolhida em homenagem ao gênio da música brasileira e um dos maiores autores da bossa nova. Além da homenagem ao movimento, o Brasil estará reverenciando este grande mestre, nascido neste dia no ano de 1927.
A bossa nova é um dos movimentos mais importantes da história da música brasileira, reconhecida e aplaudida no mundo inteiro. Sua importância e a grande contribuição para a projeção da imagem do Brasil no exterior é ressaltada por renomados críticos e escritores.
Surgida no final da década de 50 a bossa nova revolucionou o estilo musical brasileiro, com sua batida sincopada e acordes dissonantes.
O mundo até hoje não conheceu nada igual e a bossa nova se perpetua como a "a bandeira do Brasil no exterior". Seus compositores e intérpretes continuam produzindo e se apresentando em shows no mundo inteiro. A bossa nova continua sendo homenageada, tocada, ouvida e reverenciada e já se apresenta com novos arranjos eletrônicos e intérpretes da nova geração.
Em 1956, estreou no Theatro Municipal "Orfeu da Conceição", espetáculo de autoria de Vinicius de Moraes, cuja trilha registrou o início da parceria do poeta com Tom Jobim. Adaptado para o cinema alguns anos depois por Marcel Camus com o título de "Orfeu Negro". O filme recebeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes.
Em 1958, João Gilberto gravou o disco que é considerado o marco inicial da bossa nova, com 78 rotações, lançado pela Odeon. O LP incluiu as canções "Chega de saudade", de Tom Jobim e Vinicius de Moraes e "Bim Bom", de sua própria autoria. Entretanto, sua famosa "batida" de violão já estava presente antes, como mais uma balize do movimento, em duas faixas do histórico LP "Canção do amor demais", de Elizeth Cardoso. O fato de Elizeth ser uma cantora já reconhecida pelo público acaba por selar a fértil parceria de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.
Em novembro de 1962, ocorre um dos maiores avanços para este movimento: o Concerto do Carnegie Hall, que levou para Nova York artistas como Tom Jobim, João Gilberto, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Oscar Castro-Neves, Chico Feitosa, Luiz Bonfá, Agostinho dos Santos, Sérgio Ricardo, Durval Ferreira e Sergio Mendes, dentre outros. O Teatro lotado aplaudiu de pé aquele novo estilo. Na platéia, as presenças de Miles Davis, Gerry Mulligan, Dizzy Gillespie, Erroll Garner e Herbie Mann que ficaram fascinados com o que ouviram. Logo depois, Carlos Lyra, Oscar Castro Neves, Tom Jobim e outros artistas que participaram do concerto do Carnegie Hall se apresentaram na Casa Branca, em Washington, em um pequeno show fechado para a então primeira-dama Jacqueline Kennedy. A bossa nova ganha com estes eventos projeção internacional.
O escritor Fernando Sabino, antes da partida de Tom Jobim, já anteviu o sucesso da apresentação do Carnegie Hall com a célebre frase: - "Você tem que ir, Tom. A partir dessa noite o mundo vai te ouvir"!
A repercussão do Concerto do Carnegie Hall foi sentida já no ano seguinte. Em março de 1963, João Gilberto e Tom Jobim gravaram ao lado de Stan Getz o antológico LP "Getz/Gilberto - Featuring Antonio Carlos Jobim". O disco, que contou com a participação de Astrud Gilberto, gerou o single "Garota de Ipanema", estrondoso sucesso daquele ano, em versão para a língua inglesa; a gravação de Garota de Ipanema por Frank Sinatra e a permanência de vários artistas brasileiros, como Airto Moreira, Flora Purim, Eumir Deodato, Sérgio Mendes e tantos outros que fixaram residência nos Estados Unidos.
Este movimento musical se inscreve como um dos mais marcantes da história da música brasileira, sobretudo pela projeção que deu à nossa música, no exterior. Como diz o escritor Ruy Castro, autor de Chega de Saudade e A onda que se ergueu no mar, da Cia. das Letras, a bossa nova é um dos gêneros musicais de maior sucesso em todo o mundo - às vezes mais reconhecida no exterior do que no Brasil.
A singularidade da bossa nova, reconhecida hoje no mundo inteiro como a "bandeira do Brasil no exterior" é ressaltada pelo poeta e importante letrista Vinícius de Moraes na frase abaixo, usada na contracapa de um LP de Paul Winter: - "Ela é uma filha moderna do samba tradicional, que teve o seu namoro com o jazz, sobretudo o chamado west coast, mas que - tal como praticam seus melhores homens: Jobim, João Gilberto, Lyra, Menescal, Donato, Castro Neves e Baden Powell - não sofreu nenhuma descaracterização nem perda de nacionalidade".
A instituição do Dia Nacional da Bossa Nova, além de ser uma merecida homenagem ao significado e importância do movimento na trajetória da música brasileira, é uma contribuição para a valorização de seus compositores e intérpretes.

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