A imunização contra febre amarela pode dar um salto de qualidade nos próximos anos. Uma nova vacina está sendo produzida pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a partir do cultivo de uma planta.
Feito em parceria com o Centro Fraunhofer para Biotecnologia Molecular, o imunizante não contém o vírus atenuado (não-infeccioso) e, por isso, não oferecerá riscos de reações e atenderá pacientes que hoje não podem tomar a vacina, como portadores de câncer.
Elena Caride, gerente do Programa de Vacinas Virais de Bio-Manguinhos, explica que hoje a vacina contra febre amarela produzida pelo instituto é feita a partir do vírus atenuado, cultivado em ovos embrionados de galinhas livres de doenças. Por causa disso também, pacientes com alergia a clara de ovos não podem ser imunizados.
A recomendação do Ministério da Saúde é que todas as crianças brasileiras sejam vacinadas contra a doença a partir dos nove meses de vida, tomando uma dose de reforço a cada dez anos.
A nova técnica foi desenvolvida após a identificação de uma proteína que é o principal antígeno do vírus que causa da febre amarela. É essa substância que o corpo utiliza para combater a doença. Essa proteína será produzida agora a partir de um tipo de tabaco. Isolada, ela será a única a fazer parte da vacina, dispensando o uso do vírus todo. "Com isso, poderemos produzir muitas plantas e aumentar o material para produção da vacina e pacientes portadores de doenças auto-imunes, que não podem tomá-la, terão essa chance", pondera Elena.
Segundo a pesquisadora, as plantas são cultivadas por hidroponia – uma técnica em que não se utiliza o solo para o plantio. Com isso, o ambiente de cultivo é mais controlado e mais limpo, além de permitir uma grande produção do vegetal.
"As plantas não são transgênicas e a técnica de cultivo não apresenta riscos ao ambiente", ressalta.
Hoje, o imunizante contra febre amarela produzido por Bio-manguinhos é exportado para 70 países. A Organização Mundial da Saúde estima que 200 mil pessoas não vacinadas contraem a doença todos os anos, e 30 mil morrem em decorrência dela.
Uso futuro
Apesar de as trocas de conhecimento e tecnologia entre o instituto e o Centro Fraunhofer estarem avançadas, a nova vacina só deve chegar aos postos de vacinação daqui a alguns anos. Os primeiros testes clínicos do imunizante ocorrerão dentro de três anos. Elena explica que as experimentações em humanos não terminam aí.
"Dividimos os testes clínicos em quatro fases, que podem durar entre cinco e oito anos depois do primeiro. Então ainda não temos uma data precisa para a comercialização da vacina", afirma. Para ela, a troca de tecnologias entre os dois institutos será positiva para o País. Bio-Manguinhos vai investir US$ 6 milhões no projeto.
fonte: ig
Nenhum comentário:
Postar um comentário